sábado, 3 de dezembro de 2011

O Lobisomem de Sallun


Corria pelo campo. O fogo queimava a alma e ouvia o som da besta se aproximando.

A visão começou a ficar amarelada e aos poucos turva.

Desespero. Procurava abrigo. Os minutos corriam pelo corpo.

Sentia as dores, a voz da consciência se afastava e os sentidos eram dominados. Sabia que a besta estava chegando.

Caído ao chão do campo. Contorcia-se de dor e angústia. E no fundo ouviam-se gritos de mulheres, latidos de cães e choros de crianças.

A visão escureceu. E segundos depois voltava aos poucos. A noite ganhava uma nova aparência. Novas cores, um mundo em preto, branco e amarelo. Não havia mais escuridão.

A fúria era algo descontrolador. Barulhos. E uma pancada.

Olhos cerrados em um homem. Enxergava a vida nos olhos do rapaz, que agora corria assustado.

Galopava em sua direção. Rapidamente e com um único movimento o homem ia ao chão. Morto e com sangue escorrendo de seu pescoço. A vida ia-se.

A fome. A sede. A fúria. Era a besta.

Uma porta estoura-se. Gritos de mulheres. Unhas rasgavam a madeira do assoalho. Uma mulher desmaia. Todos gritam. Mas era tarde. A criatura estava saciando sua fome e sua sede.

O anjo da morte ceifava mais uma vida. Sangue e carne espalhados.

A criatura agora corria rumo à floresta. Seguia a lua, sua mãe. E chorava por ser o que era.

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